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Úlcera por pressão: como prevenir e como tratar?
09
Mai
2022

Úlcera por pressão: como prevenir e como tratar?

O aumento da esperança de vida, bem como a crescente incidência de acidentes, estão intrinsecamente associados ao incremento de morbilidade na população. A subsequente diminuição da mobilidade que advém muitas vezes destas circunstâncias, quer circunscrita a um curto período de tempo ou associada a situações crónicas, é um dos fatores contribuintes para o aparecimento de Úlceras por Pressão (UPP). Como a Associação Portuguesa de Tratamento de Feridas (APTF) verifica, 28% da população idosa encontra-se sob o cuidado dos profissionais de saúde.

Gerir o impacto deste tipo de feridas é um desafio constante, tanto para as classes de profissionais de saúde, como para os pacientes afetados e suas famílias.

O que é uma Úlcera por Pressão?

Convém perceber então o que é a Úlcera por Pressão. Segundo o European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP), “é uma lesão localizada, da pele e/ou tecido subjacente, normalmente sobre uma proeminência óssea, em resultado da pressão ou de uma combinação entre esta e forças de torção. Às úlceras de pressão também estão associados fatores contribuinte e de confusão, cujo papel ainda não se encontra totalmente esclarecido.” (EPUAP, 2009).

Estão frequentemente correlacionadas com pessoas acamadas, uma vez que estes pacientes podem passar várias horas na mesma posição, dificultando o fornecimento de sangue às partes mais vulneráveis do corpo. Esta interrupção na circulação potencia o desenvolvimento de feridas na pele. O quadro de debilidade geral do paciente, dificulta muitas vezes a cicatrização destas lesões, que, segundo evidências científicas, podem ser evitadas em 95% dos casos. Desta forma, é essencial actuar através da avaliação do risco e da prevenção.

Localizações mais frequentes: isquiática (24%), sacrococcígea (23%), trocantérica (15%), e calcânea (8%). Outras localizações incluem maléolos laterais (7%), cotovelos (3%), região occipital (1%), e região escapular. (J. A. Rocha et al, 2006).

Causas e fatores de risco:

  • Imobilização: > 2-3 horas, pressão prolongada, podendo levar à diminuição do fluxo sanguíneo para os tecidos.
  • Idade.
  • Falta de sensibilidade física: a diminuição de dor ou desconforto limitam a perceção para a necessidade de mudar de posição.
  • Nutrição e hidratação insuficientes: deficiências nutricionais, distúrbios metabólicos, digestivos e renais.
  • Incontinência: tornando a pele mais susceptível ao dano se estiver exposta prolongadamente à urina e às fezes.
  • Condições médicas que afetam o fluxo sanguíneo, tais como distúrbios sensitivos, distúrbios respiratórios, e distúrbios sanguíneos.

Como prevenir as UPP?

A aplicação de diferentes estratégias é essencial na prevenção de UPP. Entre elas estão:
  • Uma dieta equilibrada: o consumo de proteínas e vitamina C são importantes medidas preventivas. Para evitar a desidratação, o paciente deve ingerir pelo menos 1,5L de líquidos por dia;
  • Avaliação e higiene da pele e dos tecidos: a inspeção de zonas de risco com regularidade é essencial, prestando especial atenção ao aparecimento de algum tipo de vermelhidão, o que pode ser um sinal de possível formação de úlcera. Manter uma higiene diária apropriada é crucial, assegurando que a pele está bem limpa e seca;
  • Controlar a humidade e a temperatura: a humidade e os efeitos de maceração representam um dos principais factores de desenvolvimento de úlceras por pressão. Uma das características dos suportes de prevenção e tratamento deve ser a de permitir o correcto arejamento e ventilação dos tecidos. Para tal, as capas e forros devem ser impermeáveis a líquidos mas respiráveis e os suportes devem ser arejados esporadicamente;
  • Reposicionamento frequente numa cama ou cadeira de rodas;
  • Qualquer sensação de dormência é sinal de que se deve mudar de posição. É aconselhável a adopção de um calendário de reposicionamento;
  • Postura e posicionamento correcto: adopção de uma postura correcta, mantendo, na posição de sentado, as costas direitas e os pés apoiados;
  • Redução e alívio de pressões e forças de torção: a prevenção começa por se aliviar as pressões nas zonas de maior risco, a cada duas horas na posição de deitado e, tão frequentemente quanto possível, na posição de sentado. Isto evita a compressão prolongada dos vasos e permite a circulação sanguínea nos tecidos.

Qual o papel dos suportes na redução e alívio de pressões?

As áreas de maior risco de desenvolvimento de úlceras por pressão são áreas em que a pressão nos tecidos é maximizada entre a superfície de suporte e os ossos. O papel dos suportes de prevenção de úlceras por pressão consiste em reduzir as pressões máximas através do aumento harmonioso de toda a superfície de contacto com o suporte. A transferência de pressões para zonas de menor risco permite a redução das pressões máximas e, consequentemente, do risco de desenvolvimento de úlceras.

A transferência de pressões das zonas de maior para as de menor risco é realizada devido a:

  • Elasticidade e suavidade dos materiais;
  • Aumento da superfície de contacto com o suporte;
  • Redução das forças de fricção e cisalhamento.

Colchões, almofadas e dispositivos de posicionamento adequados desempenham um papel imperativo na prevenção e tratamento de úlceras por pressão, sendo efetuada uma avaliação de risco ao paciente por parte do profissional de saúde, aconselhando o produto indicado mediante todos os fatores contemplados. O conceito de superfícies “multisuporte” encontra-se bem presente na filosofia da gama SYSTAM®, tal como a moldagem de “multimateriais” e as formas altamente anatómicas dos produtos. Para uma questão tão complexa, as soluções apresentadas devem ser igualmente específicas e multi-disciplinares.

 

Fontes:

  • Mayo Clinic;
  • Prevenção e Tratamento de Úlceras por Pressão: Guia de Consulta Rápida (NPUAP, EPUAP, PPPIA);
  • Associação Portuguesa de Tratamento de Feridas (APTF).

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